Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sábado, 12 de junho de 2010

Perseguição a Garotinho merece interferência das entidades internacionais

A perseguição sofrida pelo ex-governador Garotinho é tamanha que não seria de estranhar que ele, a exemplo do que fez o Brizola em algumas ocasiões, solicitasse acompanhamento das instituições de Direito Internacional das eleições deste ano no Estado do Rio. Sim, porque agora, além de toda a mídia estar contra ele, o Tribunal Regional Eleitoral mostra claramente que aliou-se às forças da direita mais desprezível para evitar que ele concorra ao pleito. Podem achar que estou exagerando (como diziam em relação às denúncias do Brizola), mas o fato é que, num regime democrático, é inadmissível que um cidadão sofra um cerco tão violento como o que GArotinho está sofrendo. Além do cerco político (as alianças feitas por Cabral, nada gratuitas nem ideológicas, envolvendo, inclusive a Presidência da República e seu poder de barganha), da mídia, assistimos a conivência da Polícia Federal e da Justiça Eleitoral, que torna-o inelegível por causa de uma entrevista, num programa de rádio, com sua esposa, então pré-candidata à Prefeitura de Campos, em 2008. E o TRE ainda cassa a prefeita eleita naquele ano, porque concedeu a entrevista extemporânea. Tamanho absurdo não se sustenta juridicamente. O dinheiro do Estado investido para aliciar lideranças políticas e prefeitos é um crime eleitoral que sequer mereceu do judiciário algum questionamento. O estardalhaço da imprensa contra Garotinho, que não tem mandato há oito anos é criminoso. Nunca se viu um candidato da oposição ser achincalhado com base em simples suspeitas de propaganda extemporânea (ao presidente Lula, pelo mesmo motivo, a ameaça é de multa) sem que o cidadão tenha o mesmo espaço para resposta. Ainda mais quando esse cidadão é uma pessoa respeitável, ex-governador que elegeu seu sucessor, mesmo não estando no governo, no primeiro turno (lembremos que ele afastou-se em abril, assumiu a vice, Benedita da Silva, do PT, que era candidata à reeleição e que sua esposa, Rosinha, é que foi sua sucessora). Ou seja, um político e governante respeitado pelo povo, reconhecido nacionalmente e que obteve mais de 15 milhões de votos para a Presidência da República num pequeno partido. Não há necessidade de uma reflexão mais aprofundada para chegar à conclusão ora exposta acima. Afinal, o Estado do Rio é o segundo mais importante do país e o único conhecido no mundo inteiro. O cerco a Garotinho é igual ou maior que o cerco ao Brizola. Ameaçam cassar a prefeita Rosinha por ter concedido a tal entrevista e, agora, a sugestão (que deve ser acatada por Cabral) é cassar o mandato de Clarissa Garotinho, sua filha e vereadora na capital. Tudo isso para forçar o Garotinho a desistir de sua candidatura ao governo do Estado. Quando fui preso em 2003 por "crime de opinião", segundo o juiz de primeira instância e o Tribunal de Justiça do Estado, a Comissão de Direitos Humanos da ONU, da OEA e do Reporter Sem Fronteiras (entidade que defende a liberdade de imprensa no mundo) exigiram minha libertação imediata e denunciaram o fato internacionalmente. E digo, com toda sinceridade, que minha prisão, por causa de um artigo considerado "simplório", escrito num jornal do interior (o Dois Estados, de Miracema), é um fato insignificante diante do que ocorre com Garotinho. Por isso, creio que as instituições de Direito Internacional deveriam ser chamadas para observar (e denunciar) a perseguição ao ex-governador Garotinho.

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