Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







terça-feira, 20 de julho de 2010

Desabafo sintético de um dinossauro

A modernidade elimina profissões e cria outras. Muitas outras. Todavia, a tecnologia faz com que tudo seja mais rápido e o consumo é exarcebado, pois as riquezas não estão no campo, mas nas linhas de montagem cada vez mais sofisticadas e internacionalizadas. Com isso, a necessidade de mão-de-obra é cada vez menor, principalmente quando as máquinas quase humanas substituem os humanos.

O capitalismo, como dizia o velho Marx, cria necessidades e os psicólogos, sociólogos e outros logos são usados para que a propaganda atinja o cérebro humano, que introniza o desejo pelos mais variados produtos, muitos dos quais ou não são úteis ou não são utilizados. O telefone é necessário; o celular é necessário; o carro é necessário; enfim, uma infinidade de coisas passa a ser "necessária". Para gerar o consumo ainda maior, fabrica-se tudo com pouco tempo de vida. Um exemplo: o pára-choque é de plástico e não pára choque nenhum.

Os humanos, tornados consumidores, são meras mercadorias. Vivem mais que os produtos porque o capitalismo só gera riqueza com o humano vivendo mais e cada vez mais em maior número. Os produtos, por sua vez, duravam 30, 40 anos e hoje são fabricados para durar cinco anos. A partir daí, é só gasto com peças para que a indústria venda sempre. Mesmo assim os desenhos das peças mudam constantemente. Mesmo assim os produtos são "aperfeiçoados" constantemente, gerando a "necessidade" da renovação.

O capitalismo, assim, está sempre se refazendo. E a publicidade constante diz que "sempre foi assim" e que, portanto, "é tudo normal". E, por mais absurdo que possa parecer, assim como a indústria das armas não pode fechar, dado que há muita gente e muito dinheiro em jogo, a mortalidade, a doenmça, a marginalidade, as dores de toda sorte, incluindo os desníveis sociais é que geram o acúmulo de riqueza. Aliás, o Produto Interno Bruto cresce com as mazelas sociais, a miséria, os baixos salários, os excluídos.

Como uma pessoa comum poderá entender que tudo isso é criação de quem comanda, quem tem o poder? Sim, porque ao comum, a culpa é dele, de não estar "bem na vida". Não sabe que é o sistema que faz tudo isso. E quem manipula o sistema? Os grandes capitalistas e aqueles que lutam para ser um deles. E o que fazemos nós, que sabemos como e porque as coisas são como foram elaboradas pelas elites gananciosas de todos os tempos? Resistimos, quase sem forças para mudar o statu quo. A pobreza de espírito aumenta, mais ainda que a pobreza econômico/financeira. Assim caminha a humanidade...

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