Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Um pouco sobre Jorge Renato Pereira Pinto que hoje nos deixou

Faleceu na manhã desta segunda-feira (06) o engenheiro industrial, professor e escritor Jorge Renato Pereira Pinto, aos 85 anos de idade. Filho de "seu" Jorge (que foi vereador) e "dona" Alcinda (morta no histórico tiroteio no comício integralista de 1937, promovido pela polícia), Jorge Renato era irmão de Carlos Alberto, Antônio Carlos e Maria Lúcia e pai de Hélvia, Cláudio e Vera. E sobrinho do industrial e senador José Carlos Pereira Pinto.

Seu corpo está sendo velado na casa da família, em frente a Beneficência Portuguesa, na qual reside Maria Lúcia. Ali, "seu" Jorge Pereira Pinto, um gentleman, morava e viveu os últimos anos de sua vida. Formado em Engenharia Industrial, Geografia e Engenharia de Segurança e, até 1982, diretor proprietário da Usina Santa Maria, Jorge Renato era um apaixonado pela História de Campos e escreveu "Um Pedaço de Terra Chamado Campos, sua Geografia e seu Progresso", que teve uma segunda edição em 2006 ampliada e revisada.

Jorge Renato sempre participou ativamente da vida social e política de Campos, sendo fundador da Fundenor (Fundação de Desenvolvimento do Norte Fluminense), presidiu várias vezes a Associação dos Engenheiros de Campos e a ANFEA e foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos, quando negociou a antiga sede para no lugar, ser erguido o edifício Ninho das Águias.

Também exerceu os cargos de Suplente de Conselheiro do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e vice-presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado do Rio e foi diretor da Cooperflu (Cooperativa dos produtores de Açúcar e Álcool dos Estados do Rio e Espírito Santo). Foi membro do Conselho do Senac e secretário de Planejamento do último governo de José Carlos Vieira Barbosa na Prefeitura de Campos. Inclusive, em 1988, foi o candidato de Zezé (e do PMDB) ao governo municipal, ano em que Garotinho elegeu-se prefeito. 

Era também membro da Academia Campista de Letras e do Instituto Histórico de Campos. Lecionou na antiga ETFC (depois Cefet e, hoje, IFF) e na Universidade Cândido Mendes. Jorge Renato era um intelectual preocupado em preservar a memória histórica de Campos.  

Seus mais notórios trabalhos foram escritos e lançados nos últimos 15 anos. Além de "Um pedaço de terra cghamado Campos...", "O Filho da Eternidade - A Vida de Dr. Phillipe Uébe", lançado em 15 de abril de 2010, comemorando o centenário de nascimento do biografado. O livro, na verdade, é uma segunda edição da obra, lançada inicialmente no ano de 1999 numa edição muito limitada.

Jorge Renato também é autor de várias outras obras, entre as quais, "José do Patrocínio, O Herói Esquecido" e "Só o Amor Vence" (Record, 1999) sobre sua mãe, Alcinda, que foi morta durante tiroteio na praça do Santíssimo Salvador, em 1937, iniciado pela polícia. Era um comício integralista e a polícia, cuja intenção era culpar os comunistas, criou o tumulto e 10 pessoas foram mortas, entre as quais a mãe de Jorge Renato e o escritor Horácio Souza e 26 ficaram feridas.

Não posso deixar de registrar que sou amigo da família Pereira Pinto e, obviamente, de Jorge Renato, tendo participado, muitas vezes contestando suas idéias (mas sempre respeitando o autor), de muitos encontros e debates, alguns dos quais juntamente com Sylvia Paes e Aristides Arthur Soffiati. Sinto e lamento sua morte e, com ela, Campos perde mais um apaixonado pela história e cultura da planície.  

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