Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sábado, 23 de junho de 2012

São João da Barra não pode comemorar a "emancipação"


A minha amiga Nice Barcelos ficou preocupada ao saber que professores, inclusive um filho ou neto de uma das maiores expressões sanjoanenses, João Oscar, referem-se à elevação daquele município à Cidade como "emancipação político/administrativa". Ela sabe que São João da Barra não foi emancipado e, sim, criado pelo donatário da capitania da Paraíba do Sul, por determinação da Coroa Portuguesa enquanto Vila e elevado à categoria de "Cidade" há 162 anos, pelo presidente da Província (hoje seria o governador). 

Nice pediu que eu publicasse algo a respeito. No meu livro sobre a Câmara de Campos, que completa, em dezembro deste ano, 360 anos de história, eu dedico algumas linhas à criação das duas Vilas (San Salvador dos Campos e San Juan da Praia) tomando posse delas o neto do donatário da capitania, Salvador Corrêa de Sá e Benevides. O trecho da obra que nos interessa é o seguinte:

"Em dezembro de 1676, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, na condição de tutor de seu neto, acerta com as autoridades do Rio de Janeiro e Cabo Frio a posse das terras. Em solenidade à qual compareceram os moradores e as autoridades locais, tomava posse da capitania, compreendendo também as terras da futura Vila de San Juan da Praia, o procurador do visconde, capitão-mor Francisco Gomes Ribeiro, da povoação de San Salvador Capitania da Paraíba do Sul. Era 29 de maio de 1677. Em seguida, já havendo as condições necessárias à criação de uma Vila, foi instituída a Vila de San Salvador dos Campos. No dia 18 de junho do mesmo ano foi instalada a Vila de San Juan da Praia." 

Está provado, com documentos irrefutáveis, que o município de São João da Barra, embora pertencesse à Capitania de São Thomé, depois, Paraíba do Sul, depois, San Salvador dos Campos, não foi emancipado e sim, criado. Quando foi elevado à categoria de Cidade, embora depois de Campos, o município era independente de qualquer território enquanto ordenamento jurídico/administrativo. 

Portanto, os professores devem ensinar aos educandos de maneira correta, para não pairar dúvidas. Devem também ressaltar, sempre, que o "aniversário da cidade" não é o "aniversário" de São João da Barra e, sim, tão somente de um título. São João da Barra enquanto porto, enquanto povoação, é muito mais antiga. Creio que seria de bom alvitre que se estabelecesse a data de 18 de junho der 1677 para o nascimento de São João da Barra. Seria justo e todos os documentos oficiais deveriam constar essa data. 

Não sei, querida Nice, se sua curiosidade foi satisfeita. De qualquer maneira, acho que deveria conversar com algumas pessoas e iniciar uma discussão pública sobre o assunto. Eu tentei aqui em Campos, mas não consegui. E, como vou lançar meu livro em setembro, consiga algumas pessoas para comprar um exemplar. As histórias dos dois municípios estão amalgamadas (os transportes eram por via fluvial e marítima e "nosso" porto era São João da Barra) e são muito mais antigas do que os 177 anos de Campos e os 162 de São João da Barra.  

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