Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sábado, 6 de outubro de 2012

Delegado da Polícia Federal fala sobre prisão de Carla


Mais uma vez transcrevo matéria do site Ururau. A entrevista com o delegado da Polícia Federal feita pelo Ururau deveria ser replicada em todos os blogs; Leiam o que disse o delegado:  

"As provas indicam que ela detesta ser contrariada politicamente. Se pudesse, Carla Machado eliminaria a oposição para governar soberanamente, sem ser incomodada. O esquema criminoso que ela liderava em São João da Barra é um verdadeiro atentado ao regime democrático e à vontade popular do povo sanjoanense."

"Se eu tivesse dez oportunidades de voltar atrás, à luz de todas as provas do inquérito policial, eu teria prendido a prefeita Carla Machado dez vezes.

Agora, a entrevista: 

Paulo Cassiano: ‘Eu nunca vi Garotinho, nós nunca nos falamos’

Carlos Grevi
Delegado federal explica detalhes sobre a ‘Operação Machadada’
Delegado federal explica detalhes sobre a ‘Operação Machadada’
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Na última terça-feira (03/10), a Prefeita de São João da Barra, Carla Machado e o vereador e candidato a vice-prefeito, Alexandre Rosa, foram presos pela Polícia Federal. O caso gerou uma grande polêmica, inclusive porque a Prefeita e seus advogados questionam a ação da Polícia.

O Delegado da Polícia Federal, Paulo Cassiano Júnior, concedeu na manhã deste sábado (06/09), uma entrevista em conjunto ao Site Ururau e a Band FM para falar sobre os detalhes das investigações que levaram a prisão de Carla e Alexandre. 

Como começaram as investigações que culminaram a ‘Operação Machadada’
Delegado Paulo Cassiano -
 A Polícia Federal começou as investigações a partir de denúncias de diversos candidatos a vereador de oposição em São João da Barra, que estavam sendo claramente assediados para que abandonassem as suas candidaturas e vendessem os seus votos e os de suas militâncias em favor do grupo político da prefeita Carla Machado. Essas denúncias começaram a aparecer há algumas semanas e foram se avolumando com o decurso das investigações, de tal forma que culminaram com as prisões.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a princípio não concordou com a prisão temporária da Prefeita, porque mesmo assim ela foi presa?
Delegado Paulo Cassiano -
 A prisão negada pelo Tribunal foi a temporária, mas a prefeita não foi presa temporariamente, ela foi presa em flagrante, porque após o TRE ter negado a prisão, chegaram novos elementos de prova, dando conta de que a quadrilha continuava atuando e como o crime de quadrilha é um crime continuado, ela pode ser presa.

As gravações contidas no inquérito não foram feitas com autorização da Justiça. Qual a validade dessas provas?
Delegado Paulo Cassiano -
 A Polícia Federal colheu depoimentos de todas as testemunhas. Esses depoimentos são muito coerentes. Além disso, recebemos diversas gravações de áudio e vídeo que corroboram a prova testemunhal. Todas as provas foram obtidas de maneira lícita e são bastante reveladoras da participação da prefeita Carla Machado e de seu grupo político nos crimes a eles imputados.

Qual a participação da prefeita no que o senhor chama de “organização”?
Delegado Paulo Cassiano -
 Não há dúvidas que a prefeita Carla Machado é a principal responsável pelos crimes investigados. Tudo acontecia com a aquiescência dela, ou sob a sua liderança e autonomia. Em conversa com um candidato a vereador de oposição, Carla Machado foi flagrada negociando a compra de seu voto e de seu apoio político. Esse registro de áudio já foi passado para a imprensa. Nessa gravação, Carla fala, dentre outras coisas, que o voto em São João da Barra custa “cem reais”, que a proposta feita pelo seu interlocutor estava “cara” demais para o “mercado” e ainda pergunta se teria que pagar à vista.

Não há dúvidas: o propósito da prefeita Carla Machado era o de manipular o resultado das próximas eleições em São João da Barra. Abusando do poder político e econômico que lhe proporcionam a condição de prefeita municipal, Carla Machado pretendia comprar, tanto mais quanto possível, a oposição em São João da Barra.

As provas indicam que ela detesta ser contrariada politicamente. Se pudesse, Carla Machado eliminaria a oposição para governar soberanamente, sem ser incomodada. O esquema criminoso que ela liderava em São João da Barra é um verdadeiro atentado ao regime democrático e à vontade popular do povo sanjoanense.

Se eu tivesse dez oportunidades de voltar atrás, à luz de todas as provas do inquérito policial, eu teria prendido a prefeita Carla Machado dez vezes.

Nessa mesma conversa, Carla Machado ainda se oferece para arranjar um contador para o candidato de oposição que ela estava assediando, para que ele abrisse uma empresa para participar de licitações no futuro governo de Neco e Alexandre Rosa.

A gravação a que o senhor se refere é a do vereador Eliso?
Delegado Paulo Cassiano -
  Exatamente, o vereador e candidato à reeleição Eliso Motos foi gravado por um candidato a vereador de oposição. Além de tentar cooptar o candidato de oposição a abandonar a sua candidatura e levar seu interlocutor até a presença da líder da quadrilha, a prefeita Carla Machado, Eliso Motos explica, detalhadamente, como, a apenas três dias do prazo eleitoral, desistiu de fazer oposição a Carla Machado para compor o grupo político dela. O próprio vereador recebeu, além de promessas de vantagens na campanha, uma bonificação correspondente ao salário de secretário.

Por que o senhor decidiu prender a prefeita há uma semana da eleição? 
Delegado Paulo Cassiano -
 A Polícia Federal decidiu prender a prefeita Carla Machado porque a sua manutenção em liberdade representaria a garantia de que a lisura das eleições em São João da Barra ficaria ainda mais comprometida do que já está. O intento criminoso da prefeita Carla Machado precisava ser estancado imediatamente! Vínhamos tentando prendê-la em flagrante de crime eleitoral, mas, como não tivemos oportunidade, tivemos que prendê-la em flagrante pelo crime de quadrilha.

A legalidade da prisão chegou a ser questionada, a Polícia Federal está amparada pela lei para efetuar as duas prisões? 
Delegado Paulo Cassiano -
 Diferentemente do que foi noticiado, não há qualquer ilegalidade a ser atribuída à prisão da prefeita Carla Machado e de seu candidato a vice-prefeito Alexandre Rosa. A legislação eleitoral impede a prisão de qualquer pessoa cinco dias antes do pleito, mas, como não poderia deixar de ser, ressalva as situações de flagrante delito. Repito: a prefeita Carla Machado e o vereador Alexandre foram presos em flagrante por crime de quadrilha.

O Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro (MPE-RJ) instaurou uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), que requer a cassação do registro ou do diploma, caso sejam eleitos, a inelegibilidade por oito anos e a aplicação da multa prevista no artigo 41-A, da Lei 9504/97, da Prefeita de São João da Barra, Carla Machado, do candidato à Prefeitura José Amaro Martins de Souza, conhecido como Neco, e de seu vice, Alexandre Rosa. O MPE vem acompanhando o trabalho da Polícia Federal?Delegado Paulo Cassiano - Todo o trabalho de investigação foi acompanhado desde o início pelo Ministério Público Eleitoral, na figura do Procurador Regional da República Maurício da Rocha Ribeiro. Além de ter sinalizado favoravelmente às prisões, o Dr. Maurício divulgou uma nota oficial atestando as provas do inquérito acerca da existência da quadrilha liderada pela prefeita Carla Machado para a compra de votos em São João da Barra.

Além disso, o Ministério Público Eleitoral em São João da Barra também ajuizou uma ação eleitoral pedindo a cassação do registro das candidaturas de todos os envolvidos a partir das provas do inquérito.

A Polícia Federal trabalha em parceria com o Ministério Público Eleitoral, e não restam dúvidas que isso incomoda a quadrilha montada em São João da Barra.

A Prefeita e seus advogados estranharam a forma de abordagem feita a ela pela Polícia Federal, inclusive Carla declarou que fará uma representação na Corregedoria da Polícia Federal relatando este fato. Como foi essa abordagem?
Delegado Paulo Cassiano -
 A detenção da prefeita foi efetuada de maneira absolutamente natural. Durante qualquer abordagem policial, a maior preocupação é com a integridade física de todos envolvidos: os policiais, o criminoso e terceiros. A abordagem ao veículo em que estava a prefeita e a sua prisão em flagrante foram feitas em estrita obediência aos rigorosos padrões de segurança da Polícia Federal.

Não houve qualquer abuso, inclusive nem fizemos uso de algemas. É importante salientar que toda abordagem policial carrega um peso de constrangimento, e isso é inevitável, mas em nenhum momento houve qualquer ato de violência, tanto que a prefeita  foi submetida a exame de lesão corporal e o resultado deu negativo. Além do mais, em seu interrogatório ela não fez consignar nenhuma crítica à forma como foi presa.

Eu aguardo ansiosamente a representação da prefeita, porque eu vou ter mais uma oportunidade de afirmar para os meus superiores que ela é uma criminosa no esquema de compra de votos em São João da Barra.

Toda ação era de amplo domínio do senhor Superintendente regional da Polícia Federal, Delegado Valmir Lemos de Oliveira, que me pediu o nome de todos os policiais que participaram para anotar um elogio, nos assentamentos funcionais de todos.   

O deputado Anthony Garotinho foi um personagem muito citado durante a repercussão da ‘Operação Machada’, já que teria dito em alguns atos políticos que haveria prisões de políticos da oposição em São João da Barra. Qual a sua relação com o deputado Garotinho?
Delegado Paulo Cassiano -
 Nenhuma. Eu nunca o vi, ele nunca me ligou eu nunca liguei para ele, nós não nos conhecemos. A tentativa de politizar o trabalho policial é típica dos grupos políticos que têm os seus interesses contrariados pelas investigações, quaisquer que sejam eles.

Qualquer pessoa séria, bem informada e de boa-fé sabe que o trabalho da Delegacia de Polícia Federal durante a minha gestão é absolutamente isento de qualquer ingrediente partidário. Eu já disse outrora e agora repito: a suposta previsão do Deputado Federal Anthony Garotinho acerca de alguma investigação em São João da Barra não passava de especulação dele.

Agora, há um aspecto a ser considerado: durante as investigações, as testemunhas do esquema criminoso montado em São João da Barra eram ligadas ao grupo de oposição à prefeita Carla Machado e, nessa condição, podem ter, de alguma forma, procurado o ex-governador na tentativa de obter vantagem política a partir do conteúdo das denúncias que estavam sendo apuradas. Mas isso é só uma conjectura minha.

É importante ressaltar que fui eu próprio quem presidiu e coordenou a Operação Cinquentinha, que desvendou uma quadrilha que comprou votos nas eleições municipais de 2008 para a então candidata prefeita Rosinha Garotinho, o que, inevitavelmente, contrariou os interesses políticos do grupo do ex-governador.

Quando eu investigo, eu não tenho maior preocupação com a motivação de quem denuncia, nem a que grupo político ele pertence. Meu trabalho é absolutamente técnico. Meu papel é me debruçar sobre fatos, é comprovar se eles existem efetivamente ou não. E, no caso concreto da Operação Machadada, não há dúvidas do envolvimento da prefeita Carla Machado na compra de votos.

O grupo político da Prefeita Carla questiona o fato do seu pai ocupar um cargo de confiança na Prefeitura de Campos...
Delegado Paulo Cassiano -
 Meu pai, Paulo César Barcelos Cassiano, é um dentista renomado na cidade e um homem honrado. Ele tem o respeito e a admiração de toda a classe. Ele é servidor de carreira da Prefeitura de Campos há 37 anos. Atualmente, é o dentista mais antigo dos quadros do município. Como é absolutamente natural, meu pai já ocupou diversos cargos na administração municipal ao longo desse tempo, em diversas gestões, ligadas ao atual grupo político de situação ou não. O cargo de superintendente na Secretaria de Saúde, que ele ocupa desde abril deste ano, é apenas mais um deles. Meu pai aceitou esse desafio em atenção a um convite que lhe foi feito pelo atual Secretário, Geraldo Venâncio, de quem é amigo desde a adolescência. É uma covardia querer associar o nome dele ao meu trabalho. Isso é mais uma tentativa de desviar o foco das contundentes provas do inquérito policial.

O senhor será transferido de Campos?
Delegado Paulo Cassiano –
 Eu não serei transferido, não há nenhum acordo nesse sentido, o senhor superintendente me conhece na Polícia federal há 10 anos, eu não cheguei ontem na polícia e nem entrei pela janela, ele sabe como eu procedo e eu tenho um acordo com ele, que inclusive já foi noticiado, a minha saída é em comum acordo com a minha chefia, mas não será uma transferência, eu continuarei em Campos, trabalhando na delegacia, já não mais como chefe da delegacia, porque eu tenho outros projetos pessoais, eu caso no final do ano, ano que vem eu quero começar um seminário teológico, eu entendo que nesse momento é um plano de Deus eu deixar a chefia, quando terei oportunidade, de me dedicar mais a investigar, que é a minha vocação natural.

Ururau

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