Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Campeões das copas de 58, 62 e 70 terão prêmio e pensão


A frase dita pelo personagem de um filme (esqueci o nome, pois minha memória de velho tem falhado ultimamente) sempre me vem à cabeça quando me deparo com situações em que os vivos gozam de benefícios que os mortos, obviamente, não gozaram e sofreram muito por isso. A frase é a seguinte: "é, meu filho, o progresso sempre chega tarde". Referia-se ao fato de que sua cegueira ocorreu após um incêndio nos rolos de filme, o que não aconteceria mais devido ao avanço tecnológico que proporcionou a feitura de material não inflamável. 
Para me jogar na prisão, os magistrados que julgaram dez processos contra mim (e me condenaram em sete) usaram a Lei de Imprensa. Dois anos após minha prisão por "crime de opinião", a lei foi extinta. Nem processar o Estado eu posso, porque, na época, a lei vigorava e não há efeito retroativo no caso da extinção. E eu ainda devo mais de R$ 200 mil de indenização ao ex-prefeito de Miracema, Gutemberg Damasceno que está morrendo desde 1997, ano do início dos processos, mas continua vivo, atazanando a vida das pessoas. 
Mas o motivo desse escrito é a aprovação da Lei Geral da Copa, de junho último, que prevê o pagamento de pensão aos jogadores da Seleção Brasileira de Futebol de 1958, 1962 e 1970. Muitos "heróis" dessas três copas, quando ainda os jogadores não ganhavam as fortunas de hoje, vivem muito mal, recebendo proventos que mal dá para pagar remédios. São sempre lembrados, reverenciados, mas dinheiro que é bom, nada ou quase nada. Agora eles vão receber um prêmio de R$ 100 mil e uma pensão que corresponderá a diferença entre o que recebem e o teto da Previdência, que é de R$ 3.916,20. Quem recebe acima disso ficará apenas com o prêmio.
Medida justa, a meu ver, pois esses craques do passado não tiveram os altos salários pagos hoje pelos clubes. A idéia que se tem hoje é a de que jogador de futebol é rico. Mas não é bem assim para a maioria. Muitos jogadores, por razões diversas, não estudaram, nem conseguiram empregos ou negócios que rendessem o suficiente para uma vida digna. Os vivos terão terão algum tempo para gozar os benefícios. Para outros, no entanto, "o progresso chega tarde". 
Para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o auxílio mensal que será pago, a partir de janeiro do ano que vem, a jogadores das seleções brasileiras campeãs das Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970 é um “ato de justiça, gratidão e reconhecimento” pela contribuição dos atletas para a construção de uma “imagem positiva” do Brasil internamente e em todo o mundo. 
“Esses atletas ajudaram a redescobrir o Brasil de uma forma positiva e otimista, oferecendo ao mundo um grande espetáculo do futebol jogado com arte. Com isso, eles passaram a ser admirados, queridos e respeitados em todo o mundo”, disse ainda Aldo Rebelo, ao assinar, ontem, quinta-feira, juntamente com o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, portaria estabelecendo o pagamento aos atletas.
Os jogadores que participaram das três copas são:
1958 – Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando (morto), Nilton Santos, Zito, Didi (morto), Garrincha (morto), Vavá (morto), Pelé, Zagallo, Castilho (morto), Dino, Moacir, Zózimo (morto), Mauro (morto), De Sordi, Oreco (morto), Joel, Mazzola, Dida (morto) e Pepe.
1962 - Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Bellini Nílton Santos, Zito, Didi (morto), Garrincha (morto), Pelé, Zagallo, Vavá (morto), Amarildo, Castilho (morto), Jair Marinho, Altair (morto), Zózimo (morto), Jurandir (morto), Zequinha, Mengálvio, Jair da Costa, Coutinho e Pepe.
1970 – Félix (morto), Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo (morto), Clodoaldo, Gérson, Jairzinho, Tostão, Pelé, Rivelino, Ado, Leão, Zé Maria, Marco Antônio, Baldochi, Fontana (morto), Joel Camargo, Dario, Roberto Miranda, Paulo César e Edu.
(Sobre matéria do Jornal do Brasil)

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