Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 15 de março de 2013

Omissão de Cabral deu fôlego às aves de rapina

A omissão do governador Sérgio Cabral quanto as leis que estavam sendo elaboradas na Câmara e no Senado com o objetivo de dividir pelos estados e municípios brasileiros os royalties do petróleo, no momento em que a ex-governadora e recém eleita para a Prefeitura de Campos, Rosinha Garotinho, buscava apoio para evitar a inclusão dos contratos em vigor no debate sobre a indenização a ser paga pela produção futura, da camada pré-sal, facilitou o avanço das aves de rapina sobre o corpo inerte de São Sebastião do Rio de Janeiro. 

Nos anos seguintes, enquanto o então presidente Lula lavava as mãos, prometendo vetar qualquer lei aprovada que partilhasse os recursos dos royalties, o ex-governador e atual deputado federal Garotinho alertava para o perigo de se deixar nas mãos da Presidência da República o destino dos nossos recursos. Sérgio Cabral manteve-se omisso, acreditando que o veto presidencial seria a solução. Com isso, enquanto Rosinha mobilizava a população de Campos e tentava o apoio da sociedade regional para mostrar nas ruas a indignação com a tentativa de golpe, os cariocas continuavam sem saber o que era royalty e, portanto, sem motivação para qualquer mobilização.

Quando as lideranças regionais, motivadas pela determinação de Rosinha Garotinho, ganharam parte da mídia com protestos de rua, o governador Sérgio Cabral promoveu atos públicos no Rio que pareceram mais festas do que propriamente ações políticas. O povo do Rio não sabia o que era royalty. Como não sabe até hoje. Não sabe das consequências da perda dessa indenização sobre a produção de petróleo na Bacia de Campos. Quando a nova lei que prevê a partilha dos royalties foi aprovada, Sérgio Cabral acreditou no veto de Dilma como solução definitiva. Omitiu-se. E deu no que deu. 

Agora, Sérgio Cabral finge estar bravo. Quer mostrar sua indignação fazendo beicinho, como diz o deputado Garotinho. Dilma, como Lula, lavou as mãos, como Lula, como Pilatos. E deixou que nos pilhassem. Resultado da irresponsabilidade de Cabral: o povo do Rio não está consciente do crime perpetrado contra o Estado e, na pesquisa sobre as preferências para a Presidência em 2014, Lula e Dilma são os queridinhos dos cariocas. Então, por qual razão Dilma tomará alguma medida que contrarie a maioria dos parlamentares, governadores e prefeitos? 

Garotinho trava uma batalha com um exército de 50 contra 500. As perspectivas são sombrias. A única luz no horizonte está opaca. O Supremo Tribunal Federal pode interpretar como quebra de contrato, o que fere a Constituição, e manter a indenização atual, deixando a camada pré-sal para a partilha. Mas também pode considerar que o Congresso é que legisla e manter a lei atual. Rosinha Garotinho e as forças vivas da região continuam mobilizadas, buscando o apoio da população para a causa justa. Enquanto isso, Sérgio Cabral vai, como disse Garotinho, "chorar o leite derramado em Paris, tomando um porre de champanhe".     

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