Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quinta-feira, 20 de março de 2014

Nova transposição do Paraíba é inadmissível

A discussão sobre a nova transposição (mais uma) do rio Paraíba do Sul para servir parte do Estado de São Paulo não é nova. Há anos o Governo de São Paulo apresentou tal proposta e, agora, o governador Alkmin apresentou-a ao Governo Federal. Sem que a mídia do Estado do Rio divulgue para a população a pretensão dos paulistas e os sérios danos que acarretarão para os fluminenses tal medida, o debate fica apenas no campo técnico, acadêmico.


O Governo do Estado do Rio já mostrou sua fragilidade quando se trata de defender os interesses dos cariocas e fluminenses. O governador Sérgio Cabral já provou que é esperto para os interesses próprios e ingênuo (?) para os interesses da população, haja vista a questão dos royalties do petróleo, para citar apenas um exemplo de sua fragilidade gestor público e como liderança política.


Nós, que dependemos do Paraíba do Sul, não podemos nos calar. Não podemos nos omitir ante a iminência de mais uma transposição do Paraíba do Sul, que poderá prejudicar toda a região banhada e abastecida pelo Paraíba. Quando foi aumentada a adutora do rio Guandu em Nova Iguaçu em 1968, quando tornou-se a maior do mundo, o Paraíba perdeu quase a metade de suas águas. A justificativa é que havia necessidade de abastecer o Grande Rio. De fato, o Paraíba abastece, via Guandu, mais de 80% daquela região metropolitana.


Todavia, vimos o rio Paraíba perder sua força. Nada fizemos. Não me lembro de nenhuma luta em favor do nosso rio. Claro que o Grande Rio sofria um aumento considerável de gente e havia necessidade de água para abastecer os milhões que chegavam de todos os lugares, provocando um aumento populacional na então Guanabara e nas "cidades dormitórios". Pagamos o preço e nos calamos.


Agora, no entanto, vivemos um outro momento, com perspectiva de crescimento populacional e, com os novos meios de comunicação, as universidades e lideranças políticas em condições de fazer repercutir nacionalmente os nossos anseios, não podemos nos omitir. Se o governador não defende ou não tem condições políticas e morais para defender o nosso Estado, façamos nós essa defesa.


Portanto, já passou da hora de dizermos não a essa tentativa de transposição do Paraíba para servir aos paulistas. Segundo Alkmin, serão apenas 20% de nossas águas. Mas já retiraram a metade delas e, com mais 20%, nos deixarão apenas com cerca de 30% do antes caudaloso rio. A menos que eu esteja enganado (os técnicos - sempre eles - podem provar que estou errado (?)), vamos nos arrepender amargamente num futuro próximo de nos omitirmos agora.

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