Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







segunda-feira, 20 de abril de 2015

Espaço - parceria Rússia/EUA

Desde o primeiro voo de Gagárin, o espaço já foi visitado por mais de 550 pessoas de 40 países Foto: NASA.gov

12/04/2015 Marina Obrazkova, Gazeta Russa
Corporação Espacial Conjunta, programa lunar e cosmódromo de Vostôtchni são alguns pontos que você deve conhecer a fundo se quiser estar bem informado sobre o atual setor espacial da Rússia.

Neste domingo (12) é celebrado o Dia Mundial da Aviação e Cosmonáutica. Há exatos 54 anos foi colocada em órbita a primeira nave espacial tripulada, Vostok, pilotada por Iúri Gagárin. Na URSS, a data se tornou festiva logo no seguinte, em 1962. Porém, foi só durante a conferência da Federação Internacional de Aeronáutica de 1968 que ela recebeu estatuto internacional.
Espaço habitado
Desde o primeiro voo de Gagárin, o espaço já foi visitado por mais de 550 pessoas de 40 países. Em 1965, o cosmonauta Aleksêi Leônov realizou o primeiro passeio espacial do mundo e permaneceu 12 minutos fora da nave. Mas o homem não parou por aí.
Em janeiro de 1969 foi criada uma estação espacial experimental. Em fevereiro de 1986 foi colocado em órbita o bloco básico do complexo espacial Mir-2, que sediou missões de longa duração e onde cosmonautas fizeram experiências científicas conjuntas. Em março de 2001 a estação foi desligada e afundada no Oceano Pacífico.
Em novembro de 1998 começou a criação da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) na órbita terrestre baixa. Dois anos depois chegou à ISS a tripulação da primeira equipe principal sob o comando de William Shepherd (EUA). Daquele dia em diante a ISS passou a ser uma estação espacial permanentemente habitada.
Gravitando rumo à Marte
A expedição mais importante na atual fase da ISS é, segundo os especialistas, a recém-iniciada pela equipe russo-americana composta pelos russos Guennádi Padalka e Mikhail Kornienko e o astronauta norte-americano Scott Kelly.
O principal objetivo da missão é estudar o efeito da ausência de gravidade sobre o corpo humano. Esses dados serão utilizados na preparação da missão a Marte. Por isso, Padalka ficará na ISS por seis meses, enquanto a expedição de Kornienko e Kelly vai durar um ano.
“Nunca antes astronautas norte-americanos ficaram em órbita por tanto tempo, por isso se trata de um marco muito importante para o desenvolvimento da investigação espacial”, ressalta o editor do suplemento científico ‘NG Nauka’, Andrêi Vaganov.
O chefe da Agência Espacial Federal (Roscosmos), Ígor Komarov, explica que os dados obtidos de Kelly serão comparados com os dados do seu irmão gêmeo que ficou na Terra. “É a primeira vez que os norte-americanos fazem uma experiência desse gênero. Vamos estudar como o espaço, a ausência de gravidade e a microgravidade afetam Kelly. Ele tem um irmão gêmeo, Mark, que também é astronauta e vai receber carga similar em série de testes feitos na Terra.”
Lua 2030
Apesar dos avanços e pesquisas, o programa de povoamento de Marte muito mais distante do que uma colônia lunar. Conforme declarou o vice-diretor de programas tripulados da Roscosmos, Vladímir Mitin, em um futuro próximo, a “Rússia irá prestar mais atenção ao programa lunar, o qual pretende colocar em prática junto com parceiros”.
A Rússia confirmou os planos para a criação de uma estação espacial comum na Lua no final de 2014. A construção dessa estação espacial, que será a base para o programa lunar, pode começar já em 2017. A Roscosmos planeja fazer a primeira missão tripulada à Lua em 2030.
União do além
De acordo com o programa estatal “Atividade Espacial da Rússia para 2013-2020”, aprovado em dezembro de 2012, a participação da indústria aeroespacial no mercado mundial deve crescer até 14% ao longo de 2015. Nos últimos 20 anos houve várias tentativas de reforma do setor.
Mas necessidade de reformar a aeronáutica russa ficou mais evidente no final de 2011, após uma série de fracassos no lançamento de foguetes. A última iniciativa foi a criação de uma corporação conjunta aeroespacial russa, que deve combinar em uma única estrutura tanto a já existente agência Roscosmos, como todas as empresas do ramo.
“Em primeiro lugar, é mais barato criar uma única estrutura e, em segundo lugar, isso irá simplificar a operabilidade e garantir o controle de qualidade”, disse à revista “Kompania” o presidente do Centro de Comunicações Estratégicas, Dmítri Abzálov.
O aspecto negativo da criação de uma única empresa é a falta de concorrência entre as organizações dentro dela. Além disso, esse modelo impede a entrada de empresas privadas na indústria, garantem os especialistas.
O presidente do Fundo de Apoio à Cosmonáutica Russa, Iossif Davídov, disse à Gazeta Russa que as reformas intermináveis ​​dificultam o desenvolvimento do setor. “Cada nova reforma tenta refazer o setor e definir novas metas. As lideranças das empresas e institutos de pesquisa passam a vida mudando e, como resultado, vão para lá pessoas que não têm relação alguma com a cosmonáutica. Isso não ajuda no desenvolvimento”, apontou.
Longa viagem
Uma das tarefas da corporação é a construção do cosmódromo de Vostôtchni, na região de Amur. O primeiro lançamento de foguete a partir dessa base está previsto para 2015, e de uma nave espacial tripulada, para 2018.
O diretor do Instituto de Política Espacial, Ivan Moiseiev explica que a situação o setor aeroespacial russo é complexa, sobretudo em termos de produtividade. “Temos baixa produtividade não apenas na indústria espacial, mas também em outras indústrias de alta tecnologia”, diz.
“A criação de uma corporação conjunta pode melhorar ligeiramente a situação, mas, se a organização durar não mais do que cinco anos, os clientes e fornecedores irão se dispersar e se tornar estruturas separadas”, acrescenta Moiseiev. Segundo ele, todas as conversas sobre voos a Marte e à Lua não passam de negociações sem o devido suporte financeiro.
(Matéria da Gazeta Russa)

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